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Projeto já alcançou escolas públicas de Marituba, Ananindeua e Moju no primeiro ciclo de apresentações

Comunidade Aguapé Moju Pará

Reconhecida nacionalmente por seu trabalho em arte-educação, a ONG Rádio Margarida deu início ao primeiro ciclo de apresentações do projeto “Mãe D’Água e sua trupe na proteção de crianças da Amazônia”. A iniciativa já passou pelos municípios de Marituba, Ananindeua e Moju, alcançando diretamente centenas de crianças da rede pública de ensino, especialmente em áreas rurais da Amazônia.

Com patrocínio do Banco do Brasil, por meio do Programa Rouanet Norte da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o projeto visa sensibilizar, informar e prevenir a violência sexual contra crianças e adolescentes, por meio do teatro e da cultura popular amazônica — ferramentas acessíveis, acolhedoras e profundamente conectadas com o cotidiano das comunidades.

“Essas primeiras apresentações foram marcantes, porque conseguimos acessar estudantes de escolas localizadas em zonas rurais, onde muitas vezes as crianças têm pouco ou nenhum acesso à arte e à informação sobre seus direitos”, afirma Carmen Rita Chaves, coordenadora da Margarida. “Levar esse diálogo para dentro dessas escolas é, acima de tudo, um ato de justiça social e de cuidado com a infância amazônica.”

Voltado a estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, o projeto contempla ao todo 20 apresentações teatrais em 10 municípios paraenses: Belém, Ananindeua, Marituba, Barcarena, Benevides, Santa Bárbara do Pará, Santa Izabel, Santo Antônio do Tauá, Castanhal e São Francisco do Pará.

A peça mistura teatro tradicional e teatro de bonecos para contar a história de Nazaré, uma menina que vivencia situações de violência e encontra apoio nos encantados da floresta, como a Mãe D’Água, o Curupira e a Matinta Pereira. A história, envolvente e lúdica, desperta reflexões sobre cuidado, proteção e direitos da infância.

“É emocionante ver a reação das crianças. Elas se identificam com a personagem Nazaré e reconhecem os seres da floresta como aliados. Isso gera pertencimento e abre espaço para que falem sobre o que sentem e vivem”, explica Eugênia Melo, diretora artística do espetáculo. “Para muitas dessas comunidades, a visita da Rádio Margarida é o primeiro contato com uma linguagem artística que fala diretamente à sua realidade.”

Cada apresentação é precedida por uma acolhida com brincadeiras educativas e seguida por uma roda de conversa conduzida por arte-educadores com apoio de intérprete de Libras, criando um espaço de escuta e acolhimento para toda a comunidade escolar.

“Mais do que um espetáculo, é uma ação cidadã. Envolvemos professores, merendeiras, porteiros e gestores. Todos precisam entender que têm papel na rede de proteção”, completa Eugênia.


Chegar até escolas em comunidades rurais da Amazônia exige logística cuidadosa e sensibilidade cultural. Em Moju, por exemplo, o projeto alcançou estudantes de escolas localizadas às margens de ramais e estradas de terra, onde a presença do Estado ainda é limitada, e a arte, muitas vezes, é um luxo distante.

“Nessas localidades, o projeto representa um sopro de esperança, uma oportunidade rara de refletir sobre temas urgentes como a violência sexual infantil, com leveza, poesia e afeto”, destaca Carmen. “É um trabalho que toca fundo e mobiliza. As crianças não esquecem.”

Inspirado no método de educação popular da Rádio Margarida, o projeto integra arte, educação e cidadania, valorizando a cultura local como ponto de partida para o fortalecimento da identidade e da consciência crítica desde a infância.

Com duração média de 70 minutos, cada sessão do projeto inclui:

  • Acolhida com brincadeiras educativas;

  • Apresentação teatral com linguagem acessível e envolvente;

  • Roda de conversa com escuta ativa e orientação.

A iniciativa reafirma a escola como território de proteção e diálogo, alinhada ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e à Doutrina da Proteção Integral.


A Rádio Margarida reafirma, com este trabalho, que a arte é uma poderosa aliada na defesa dos direitos das crianças — principalmente na Amazônia profunda, onde o silêncio da floresta ainda é maior que a presença do Estado.

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