Imagem: Negritar Produções (instagram)

“Falar de Amazônia, é falar de toda a riqueza, poder e sabedoria que a Amazônia traz e carrega; de tudo o que nós somos, porque ela existe! Esse ano, nós conseguimos passar por dez territórios diversos, com os nossos projetos, e a gente conseguiu entender a dimensão, a peculiaridade de cada lugar e cada comunidade”. Essa fala de Tamara Mesquita, mulher preta, periférica e amazônida, desconstrói um imaginário colonial que coloca a região como um grande espaço rico em biodiversidade, mas vazio demograficamente.

Tamara é jornalista e produtora executiva do coletivo Negritar Filmes e Produções, uma organização de produção audiovisual, criada pela cineasta paraense Joyce Cursino, que busca, por meio da linguagem cinematográfica, ampliar narrativas e ecoar vozes de resistências, na luta contra a invisibilidade histórica que povos da Amazônia sofrem. Essa construção externa da Amazônia invisibiliza os povos que aqui habitam, as demandas plurais de luta e as formas de resistências.

Tamara Mesquita

“A Negritar pra mim é um empreendimento de impacto social. A gente tá construindo narrativas, pretas, periféricas da Amazônia, construindo muitas coisas junto com outras mulheres pretas, com outros homens pretos que também fazem parte desse processo junto com a gente”, explica Tamara.

Um dos projetos sobre o qual Tamara fala é o “Telas em Movimento”, realizado pela Negritar e parceiros, que visa democratizar o acesso ao cinema e apresenta, neste ano, o V Festival de Cinema das Periferias e Comunidades Tradicionais da Amazônia, nos dias 3, 4 e 5 de setembro, em alusão ao Dia da Amazônia. O festival é gratuito e conta com uma programação variada composta por exibição e premiação de filmes, rodas de conversa, intervenções artísticas, exposições e apresentações musicais.

“Mostra Amazônia Em Telas” - A mostra ocorre no primeiro dia do Festival (03/09) e exibirá gratuitamente os curta-metragens produzidos em dez localidades, fruto das oficinas de formação audiovisual com as juventudes dos territórios da Amazônia Legal. Este ano, as produções abordam as narrativas climáticas da Amazônia. Os filmes serão disponibilizados no canal do Telas em Movimento no Youtube, no próximo dia 5.

Todo o projeto é construído coletivamente, com a participação de lideranças das comunidades, comunicadores populares e produtoras independentes. Tamara destaca que conseguiu ver, a partir dessa experiência, a invisibilidade das lutas de muitos povos. “As pessoas estão morrendo, sendo assassinadas, exterminadas dentro dos seus próprios territórios. Seja por arma de fogo, por grandes empresas, grandes indústrias que matam os peixes, as árvores e tudo dentro dessas comunidades. Essa invisibilidade das comunidades é feita por essas grandes corporações e empreendimentos. Essas pessoas ali têm muitas histórias e estão sobrevivendo, porque estão passando por situações inimagináveis”, revela.

Projetos futuros - A previsão da Negritar é o lançamento de nova temporada da premiada websérie Pretas, que apresenta situações enfrentadas por mulheres negras da Amazônia, que vivem e resistem às estruturas racistas e machistas e também o filme “A sete palmos da liberdade” que conta a história de pessoas de uma comunidade que foram retiradas do seu território quilombola para plantação de dendê.

Para conhecer mais sobre o trabalho da Negritar, acesse aqui.

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